Marcos Aurelio

Olá, sou Marcos Aurélio e trabalho com ilustração profissional desde 1991!

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Eternizando filmes na conserva

Eternizando filmes na conserva

A necessidade, por mais simples que possa representar, pode ser a precursora de ideias incríveis que resultam em ações criativas, inovadores ou simplesmente divertidas.

Durante a pandemia, período que levei a quarentena muito a sério, acabei voltando minhas atenções para o que realmente importava em relação a padrão de vida e trabalho e assim comecei a me livrar de muita coisa que até então julgava importante e iniciei meu processo de desapego material geral.

Vários livros e quadrinhos foram doados para as bibliotecas municipais de minha cidade enquanto seguia me livrando de outras coisas até que me deparei com uma quantidade relativamente grande de impressos de divulgação de meu trabalho e de cartões de visita que estavam há anos pegando poeira e ocupando espaço por aqui.

Como a questão ambiental é muito presente no meu processo criativo e me preocupa reduzir a quantidade de resíduos que produzo, vide minhas popart sustentáveis que é comentado brevemente na postagem “Evoluindo com a minha Popart”, tentei imaginar uma saída ambientalmente correta e criativa para me livrar desse material.

Como adoro desenhar instintivamente em qualquer superfície de papel comecei a fazê-lo aleatoriamente no verso branco de alguns daqueles cartões de visita e como, para minha sorte, estava lembrando de vários momentos do filme The Matrix rapidamente comecei a fazer os primeiros esboços a partir de cenas que passei a rever e que desencadeou uma grande quantidade de cards que me levaram a pensar em como os guardaria para que, de alguma forma , qualquer pessoa pudesse vê-los sem que fosse necessário tocá-los garantindo assim que ficassem o máximo de tempo conservados.

O que mais gosto na produção desses cards é a total liberdade de representar livremente o aspecto particular de cada cena como no momento da rendição da personagem Trinity em que recortei sua silhueta para oferecer maior destaque no momento da montagem.

Conservados, conserva, geleia, pote de geleia…aquele pote de vidro! Havia um pote de vidro que havia sido deixado em separado por minha família que aderiu à “faxina/desapega” mas ficaram com pena de jogá-lo no lixo reciclável.

Após me apossar dele não tinha uma ideia clara de como colocaria os cards dentro da vitrine cilíndrica que o pote se tornaria mas foi então que reparei no belo copo com areia colorida que forma vários desenhos e que foi um presente de viagem para minha esposa, na época minha namorada, e que me deu uma ideia incrível para tentar a possibilidade de dispor os cards ilustrados.

A estratégia seria ter os cards dispostos paralelos internamente em relação à parede tubular do pote mas em diferentes proximidades e dessa forma, os montaria numa forma de mosaico ordenado na sequência em que as respectivas cenas acontecem no filme.

Não foi tão fácil desenvolver os primeiros cards com tamanho tão reduzido, copare com as pontas do lápis e da caneta, mas muito empolgante e estimulante alcançar a qualidade desejada.

Filmes em Quadrinhos na Conserva

Para fazer as artes que viria a desenvolver para esse trabalho eu usei um pouco do que já vinha praticando em alguns cards feitos com hidrocores e sem rascunhos ou layouts prévios onde a regra era “se errar amassa e joga fora” de forma a trazer muito mais naturalidade para a execução do que o a meticulosidade causada pelo perfeccionismo que sempre surge namaioria dos meus trabalhos de ilustração comercial.

As canetas hidrocores são extremamente contrastantes e o menor erro cometido no traçado é facilmente perceptível então , ao fazer meus cards, a atenção é maior e a finalização toma um pouco mais de tempo e é um ótio exercício de iproviso para driblar os erros que com certeza irão acontecer.

No início de carreira como ilustrador profissional o grande medo presente nas primeiras empreitadas comerciais era evitar ao máximo cometer erros pois ficava muito nervoso com a responsabilidade em cumprir prazos apertados , manter a qualidade e lógico ter certeza de que estava concentrado ao máximo para assim minimizar as chances de cometer… erros.

É claro que não dava certo pois eles sempre acontecem, em intensidades diferentes dependendo da sua proficiência, mas fui me educando – através de exercícios e práticas dos fundamentos de arte –  a manter a cabeça calma para contornar eventuais problemas.

O frio na barriga vai aumentando proporcionalmente a medida que vou avançando para o próximo card pois ficam na mesma folha apenas separados por dobras então, já que a regra é “errou, amassa, joga fora e começa de novo”, é uma vitória finaliar com êxito cada personagem.

Para o que chamei de Filmes em Quadrinhos na Conserva passei a usar os cartões em tamanhos variados dependendo do tipo de representação que fazia e dessa forma variam no tamanho, no recorte e na montagem livre de regras.

O que empolga é deixar a cena escolhida ditar como poderá ser representada e a partir de sua execução um fluxo natural de escolhas e definições vai orientando como deverão ser posicionados ao redor da base central que é praticamente um tronco onde os respectivos galhos serão os pontos em que os cards serão colados.

O mais emocionante após tudo montado é o momento de introdução do conjunto dentro do pote de vidro e que após uma cuidadosa operação nos brinda com um resultado incrível com a representação das partes principais do filme através de vários desenhos visíveis ao longo da transparência do pote que acaba fundindo início e fim da obra audiovisual num coletivo de imagens icônicas.

Postagem original lá no meu instagram com o primeiro Filmes em Quadrinhos na Conserva.

Deixe nos comentários se já fez alguma representação artística sobre alguma obra audiovisual de que gosta.

Obrigado pela leitura e Sucesso!!

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